domingo, 8 de agosto de 2010
BALANÇAR
Pedes-me um tempo, para balanço de vida.
Mas eu sou de letras, não me sei dividir.
Para mim um balanço
é mesmo balançar,balançar até dar balanço
e sair..
Pedes-me um sonho, para fazer de chão.
Mas eu desses não tenho, só dos de voar.
Agarras a minha mão com a tua mão
e prendes-me a dizer que me estás a salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer,
mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde e não ter
nem sentir o vento ardente
a soprar o coração...
Pedes o mundo
dentro das mãos fechadas
e o que cabe é pouco
mas é tudo o que tens.
Esqueces que às vezes,
quando falha o chão, o salto é sem rede
e tens de abrir as mãos.
Pedes-me um sonho
para juntar os pedaços
mas nem tudo o que parte
se volta a colar.
E agarras a minha mão
com a tua mão e prendes-me
e dizes-me para te salvar.
De quê?
De viver o perigo.
De quê?
De rasgar o peito.
Com o quê?
De morrer, mas de que paixão?
De quê?
Se o que mata mais é não ver
o que a noite esconde
e não ternem sentir
o vento ardente
a soprar o coração.
Chão - Mafalda Veiga
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